sexta-feira, setembro 29, 2006

O rádio: objeto vivo

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O rádio é um meio de comunicação barato, de longo alcance e que tem exclusivamente o som (ou sua ausência) como suporte
[1]. Mesmo em regiões muito distantes da emissora, o ouvinte consegue captar a freqüência. Por isso, pode-se dizer que o rádio, como já pensava Getúlio Vargas[2], é instrumento de integração nacional.
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Com o fim da Era de Ouro do rádio (década de 1950) e o surgimento da televisão, o rádio teve que encontrar novos rumos (ORTRIWANO, 1985: 21-27). A maior parte da publicidade migra para o novo meio de comunicação e, com isso, o rádio aprende a reduzir custos. Ao invés de se promover apresentações ao vivo e festivais, passa-se a tocar música gravada. No lugar das novelas, noticiários têm destaque na programação. Também os programas de auditório deram lugar aos programas de utilidade pública. O rádio passa, então, a buscar o caminho mais regionalizado, o que não tira seu caráter integrador.
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Por outro lado, em meados da década de 1950, surgiu um componente eletrônico que marcou definitivamente a história do rádio: o transistor[3]. A partir daí, tanto os aparelhos receptores quanto o fazer rádio têm os custos reduzidos. Com o transistor, o aparelho receptor de rádio adquiriu mobilidade por causa do tamanho e da ausência de fios, o que permite que ele esteja em um carro, na rua ou até mesmo dentro do bolso (ORTRIWANO, 1985: 78-81). A diminuição do tamanho dos fones de ouvido contribuiu para a individualização da recepção. É aí que, como diz Silva (1999: 35) ao empregar o conceito de Marshall Mcluhan, o aparelho receptor de rádio se torna extensão do corpo do ouvinte.
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Na década de 1960, outra descoberta efervesceu o mercado radiofônico: a Freqüência Modulada (FM). A qualidade de recepção do som neste sistema é muito superior ao das emissoras em Amplitude Modulada (AM), Ondas Médias (OM) ou Ondas Curtas (OC)[4]. As emissoras FM atuais têm programação predominantemente musical, o que atrai o público jovem, garantindo o público do futuro.
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A operação e transmissão de rádio também ficaram mais simples. O equipamento de transmissão de um evento esportivo, por exemplo, consiste em microfones e cabos ligados a uma mesa de som que é conectada a uma linha telefônica em contato com a emissora. Já na rua, direto de algum local onde esteja acontecendo (ou acontecera) um fato, pode-se transmitir a notícia ao vivo por um telefone celular ou telefone público. Não é preciso que se esteja na redação para passar a informação aos ouvintes.
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[1] No rádio, tanto o som quanto o silêncio compõem a mensagem com significado. O silêncio, dependendo do contexto em que é empregado, pode propor uma reflexão ou criar expectativa, significar indignação, falta de ar ou até mesmo que algo acontecera com o locutor.
[2] Getúlio Vargas, presidente do Brasil por três vezes (12 anos), instituiu, no ano de 1937, A voz do Brasil, um programa que até hoje divulga notícias dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). A voz do Brasil foi o primeiro programa oficial e obrigatório no rádio brasileiro. Na época de sua criação, o programa foi um importante instrumento do governo para disseminação de suas idéias progressistas (ou populistas).
[3] Cf. SILVA (1999: 35). Segundo a autora, o transistor chega ao Brasil no ano de 1965 com o aparelho importado Spika.
[4] Em alguns aparelhos receptores, Ondas Médias é abreviado em MW, do inglês Medium Waves; e Ondas Curtas é abreviado em SW também do inglês Short Waves.
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Referências:
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ORTRIWANO, Gisela S. A informação no rádio: Os grupos de poder e a determinação dos conteúdos. São Paulo: Summus Editorial, 1985.
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SILVA, Júlia Lúcia de Oliveira Albano da. Rádio: Oralidade mediatizada: o spot e os elementos da linguagem radiofônica. São Paulo: Annablume, 1999.
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Língua

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língua, língua feia
perneia, estapeia
fale certo
da vida alheia
estica a língua
língua estica
estuda a língua
e ela aplica
aplica a ponta
e ela aponta
sempre pronta
também apronta
língua perto

Filme de Guerra - Parte 4

A Busca

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Os Estados Unidos continuavam dizendo que a retaliação iria acontecer, isso para fazer pressão. Queriam muito Bin Laden. Os dias iam passando, já era 7 de outubro, e nada de ataque Americano ao Afeganistão. De repente... O mundo é surpreendido mais uma vez com ataques, desta vez o céu do Afeganistão é riscado por mísseis. Era o contra-ataque, a resposta ao dia 11 de setembro.
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Várias cidades são atingidas. Os aviões lançam pacotes de ração para os Afegãos. O Talibã e Al Qaeda (organização terrorista de Bin Laden) dizem que EUA não ficariam impunes aos ataques. Estava guardado o troco aos americanos. Afegãos revelam que os ataques não acertaram só militares talibãs, mas também civis. Dentre os civis estavam até funcionários da ONU e da Cruz Vermelha.
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Com os atentados ao World Trade Center e a guerra, a CNN - Cable News Network - lidera a audiência em todo o mundo. A cobertura é a "melhor". Mas a CNN não tem acesso ao Afeganistão. A Al Jazeera, TV do Catar, tem autorização do Talibã e faz imagens do território Afegão e do conflito.

domingo, setembro 24, 2006

Acordando contigo



E no despertar de um sonho
Acordei-me contigo
Mas me entristeci
Porque acordei
E então eu percebi
Que aquela felicidade
De acordar-me contigo
Real não era
Simplesmente era
Um belo sonho

sexta-feira, setembro 15, 2006

Filme de Guerra - Parte 3

A pressão
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Bush, o querido presidente norte-americano, quer, a qualquer custo, Osama Bin Laden. Providências diplomáticas começam a ser tomadas. Pedidos para que fronteiras sejam fechadas, que espaços aéreos sejam usados, reservistas são convocados, cidadãos norte-americanos aprovam ataque ao Afeganistão (morada de Osama). Precipitação ou raiva?
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No mundo inteiro começam a surgir suspeitas de terrorismo. Os muçulmanos ficam mais amedrontados, temem ataques contra eles. O preconceito contra eles vai aos poucos aumentando, como se todos os muçulmanos fossem terroristas. Mas quem seqüestrou os aviões foram extremistas que vão além do Corão (Livro Sagrado Islâmico), o entendendo de forma errada.
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Os Estados Unidos fazem pressão ao Talibã para que entregue Bin Laden. Porém, o Talibã só aceita entregar Bin Laden para ser julgado em país neutro, os EUA não querem. E começam a surgir aliados, Inglaterra, França, Alemanha e Itália. Os norte-americanos mandam aviões e tropas para o Oriente Médio, o plano de contra-ataque já estava traçado... ou Osama Bin Laden ou Guerra.

quinta-feira, setembro 07, 2006

Pós-modernidade

Já houve uma evolução das coisas. Coisas – costumes, crenças, raças, vidas, estética, trabalho. Quando na linha do tempo (antigüidade, zero, medievalidade, modernidade) poderíamos ouvir e/ou falar com alguém sem que ela esteja perto de nós? Acrescento... ver um chinês que nunca saiu da China, sendo que talvez nunca saiamos da América Latina? Conversar com as mãos à distância? Poizé. Não me diga que estou errado; ou que errado tenha escrito. Meu diálogo (ou discurso, como queira) passa por Guimarães. Para mim, estamos na Terceira Dimensão. Evoluídos da evolução. Chegaremos, ou melhor, alcançaremos o sétimo sentido? E isso ninguém entende completamente. pós-MODERNidade. Estamos na PÓS-modernIDADE.

Tem havido uma “simples” mixtura de tudo. Antropofagia acontece para que supostamente “criada” tenha o título de única, original. No Parque Estadual do Caraça, em Catas Altas, Minas Gerais, tem uma igreja... “gotirroca”, ou “barrótica”, sei lá. Só sei que ela é exteriormente gótica e interiormente barroca. Essa terceira margem das coisas se vê em cidades históricas, ouros pretos com prédios repletos de arte contemporânea. Em metrópoles se vê rios com prédios rococós. Ainda veremos tubarão de água doce, ou talvez o mar venha a ser adocicado.

As pessoas, atualmente, podem ser vistas a partir de um olhar arquitetônico. Meu coração não está funcionando direito, o coração de Fulano bate por mim. Ah! Posso ter o coração de Fulano, os rins de Cicrano, as córneas de Beltrano, o pâncreas de João, a medula de Maria, perna de pau ou de acrílico, ou até mesmo a cara de algum político!

Hoje acontece uma paradigmização de tudo. Talvez nem Antropologia, nem Psicologia estudem o homem. Talvez nem Ciência, nem Biologia estudem os animais. Estou vendo utilidade na Filosofia. Nada tem sido igual nesta neo-sociedade, nem os cronis da vida ou TV. Até o que é padrão é diferente. Estamos na 3ª dimensão; 3ª margem do rio, 6º sentido. Pós-modernidade. Talvez cheguemos ao 7º sentido; o futurismo. Depois de um tempo o futurismo será passado.

Esquecia-me de falar: meu texto, não sei se é pós-moderno, futurista (muito longe de ser), ou pura tolice. Avalie você.

Filme de Guerra - Parte 2

O dia seguinte não teve pílula


Como abortar um sentimento cravado em corações tão duros (generalizando)? Como arrancar sem dor uma dor que fica após um impacto semelhante a um fortíssimo choque térmico? Ninguém, exceto os terroristas, pensava que os donos do mundo tivessem um calcanhar de Aquiles... pelo menos um ponto fraco que os fizessem chorar. Foi só um... que foi apontado... mas outros virão a aparecer. É incrível como não conseguimos reparar todos nossos defeitos ao olharmos no espelho - ver o podre nos outros é fácil. Auto. Alto. Paremos para olhar para nós mesmos. Refletir.

Nenhum avião sai ou entra nos Estados Unidos. O número de mortos no atentado é incalculável. Os destroços, fotos e imagens do ex-prédio mais alto de Nova Iorque são cicatrizes. Todo corte fundo demora a cicatrizar. Toda cicatriz deixa marcas. As marcas nos fazem lembrar da situação que as originaram.

Aumentam as hipóteses. Deste momento em diante... suspeito nº 1: Osama Bin Laden. Muçulmanos se amedrontam. O mundo fica solidário aos Estados Unidos. Eles querem vingança. O vermelho do ódio e o azul das lágrimas se misturam nos olhos dos americanos. Raiva acompanhada de dor.

Junto com as torres gêmeas caem as bolsas de valores. Isso é um dia de doze. Tudo vira um caos. Os veículos de comunicação estampam isso. Isso não passa de ressaca.

O Astronauta

E chega o astronauta
Ao mundo das palavras
E ele chega
Em seu cavalo
Ele pisa delicadamente
Sobre as letras
Ele vai andando
E recolhe aos poucos
Essas letras
Espalhadas ao acaso
Esperando
Para ter utilidade
E chega o astronauta
De negro
E chega ele
Em seu cavalo azul
E agora vai flutuando
Catando palavras
Jogando-as para cima
Unindo umas às outras
Tirando sua condição
De simples letras
E o extronauta
Cria um novo mundo
E não se cansa
Esse ser
Que ainda quer
Construir um universo

Skank brinca em seu novo “Carrossel”

Passeando por seu estilo inconfundível, entremeando o reggae/ska de sua primeira fase e a psicodelia e o britpop de “Maquinarama” e “Cosmotron”, o Skank chega com um novo disco sem tantas inovações, mas bastante completo e mantendo o alto nível que sempre regeu a banda desde seus tempos independentes.

“Carrossel” surge nas rádios com “Uma canção é pra isso”, música que lembra “Vou deixar”, mas um pouco mais calma. O disco começa com uma parceria entre Samuel Rosa e Nando Reis; “Eu e a felicidade”, que é uma boa mescla entre o estilo de ambos e empolga desde o início. Arnaldo Antunes co-assina com Samuel “Trancoso”, balada que, além de seu nome, nos dá a sensação de estarmos em uma praia ao som de um violão. “Até o amor virar poeira”, “Cara nua” e “Seus passos” nos remetem aos Beatles. “Garrafas” e “Panorâmica” seguem o estilo Beach Boys, sendo que esta última também lembra “Dois Rios” do disco “Cosmotron”. Já “Antitelejornal” aparece como uma crítica ao critério de escolha das notícias na televisão.

Girando em volta do jeito musical do Skank, “Carrossel” aparece com letras imaginativas e timbres perfeitos, gerando canções envolventes que dão vontade de fazer-nos apertar a tecla repeat e deixar o som rolar. Em 15 faixas, o Skank faz um som de qualidade e com algumas experimentações sonoras que agradarão tanto aos ouvidos tradicionais ou àqueles que gostam de ver alguma coisa nova.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Filme de Guerra - Parte 1

Boom, boom, boom...


Estados Unidos da América. Bela manhã. Sol de outono. Nada de diferente. Rotina. Correria de início de dia de trabalho. Sempre as mesmas pessoas, o mesmo estresse...

Boom... Do nada. Quem está em Nova Iorque, nos arranha-céus, nos aeroportos, nas redações dos meios de comunicação, em frente às TVs, rádios e computadores se surpreendem com um avião acertando em cheio entre o 80º e o 86º andar da torre norte do imenso World Trade Center. Pânico. O dia que era nada mais que um simples 11 de setembro de 2001 começa a deixar de ser um dia comum. Sairia dos calendários para ser gravado em páginas de livros, revistas, jornais, telas de computador e TV, tapes em vozes de Jornalistas e testemunhas. 8:46 a.m. Este foi o tic-tac-boom.

Todo o mundo parou... parou de olhos abertos perante uma Torre de Babel em chamas. Todos os olhos eram chamas - reflexo do fogo no grande prédio. Hipóteses. Terrorismo. Aviões seqüestrados. Por quê? Isso ninguém imaginava. Enquanto se refletia...

Boom... Enquanto todos viam e refletiam sobre o crash, mais um avião acerta o World Trade Center, só que desta vez a torre sul. Tic-tac-boom... 9:03 a.m. Desespero. Fogo que aumenta. Pessoas descem correndo as escadas, milhares de degraus. O tempo é curto, mínimo. Não há tempo suficiente para descer. Pessoas pulam, se jogam do alto prédio, vendo assim sua única solução... que solução! Em baixo há pessoas novas, desconhecidas. Ajudantes anônimos, mas de coragem, o inverso dos que no alto estavam. Os desesperados descem. Os heróis sobem, tentam fazer o inferno cessar.

Boom... Pancada no cérebro Americano. Parte do Pentágono é posto a baixo. Culpa de nada mais, nada menos, que outro avião. 9:37 a.m. Washington em alerta. Estados Unidos em chama. Desespero é geral, nacional, mundial. Casa Branca evacuada. Qual será a próxima vítima, alvo? Ninguém sabia.

Tic-tac... 10:00 a.m. Torre sul do World Trade Center desaba. Todos, sem exceção, ficam boquiabertos. Outro avião risca o céu Norte-americano com fogo, cinco minutos após a queda de uma das torres do Centro Mundial do Comércio. Porém, esse avião caiu antes de atingir outro alvo, foi derrubado por Americanos em Pittsburgh.

Tic-tac... 10:28 a.m. Torre norte imita a sul, também vai ao chão. A partir daí uma fumaça, que parecia infindável tomou conta da ilha de Manhattam. Escritórios por todos os lados são evacuados. As ruas deserteiam-se. O medo domina a calma em todos os corações. Até o fim do dia ninguém desgruda os olhos da TV e telas de computador e ouvidos do rádio.

Finda o dia que certamente terá destaque em livros de História daqui a algum tempo.

* O texto foi escrito com o horário local – Nova York

sábado, setembro 02, 2006

O que é a vida?


O que é a vida senão movimento?
momentos, fomentos
O que é a vida senão emoção?
razão, canção
O que é a vida senão palavras ao vento?
relento, experimento
O que é o vento senão vida?
um dia, poesia
O que é um poeta senão um ser vivente?
experiente, gente
O que é uma poesia senão um cata-vento?
catando aos poucos palavras ao vento
O que é um poema senão um tema?
lema, pena
O que é o amor senão vida?
poesia, sentida
O que é a vida senão amor?
sentimentos, momentos
O que é a vida senão poesia?
movimentos, cata-ventos

Para o lançamento do livro "Cata-ventos: O Destino de uma Poesia", de Flávio Otávio Ferreira